terça-feira, 27 de outubro de 2009

UM DEDO DE PROSA
MEUS PRIMEIROS FRUTOS

Onze anos após a publicação dos meus primeiros versos, os frutos do meu trabalho começaram a surgir.
Em agosto próximo passado, o livreto Planaltina em 150 Versos me rendeu uma singela (porém inesquecível) homenagem, que me foi feita pela Escola Classe 04 de Planaltina no desfile cívico, estudantil e militar, por ocasião do aniversário da cidade. E para fechar o ano de 2009 com chave de ouro, na última sexta-feira (dia 23/10) recebi a premiação referente à primeira colocação no Concurso Literário 200 anos de Louis Braille, realizado em São Paulo pela Sociedade Bíblica do Brasil. Espero que seja esse o primeiro prêmio de uma série de muitos que poderão vir.
É tudo a que aspira um escritor principiante: ver o seu trabalho reconhecido, não somente pelos amigos e familiares, mas também por todos aqueles que apreciam a literatura. E graças ao bom Deus estou alcançado esse objetivo, ainda que timidamente.
Já faz alguns anos venho divulgando, a conta-gotas, o meu trabalho por meio deste blog e do site Recanto das Letras. Hoje, porém, resolvi expô-los na íntegra. Quem quiser conhecê-los melhor, é só clicar em um dos títulos listados em “Obras Publicadas” (à direita) que o livro será aberto em arquivo PDF.
MEUS VERSOS LÍRICOS


*CORDEL A LOUIS BRAILLE
(Joésio Menezes)

Em mil oitocentos e nove,
No dia quatro de janeiro
Nascia Louis Braille,
Menino corajoso e guerreiro,
Filho de Simon Braille,
Um conceituado seleiro.


Nascido em Coupvray,
Cidade próxima a Paris,
Louis tinha tudo na vida
Para ser um garoto feliz,
Mas um acidente doméstico
Podou seus sonhos infantis.

Brincando na oficina do pai,
Aos três anos de idade,
Um instrumento pontiagudo,
Numa triste fatalidade,
Vazou seu olho esquerdo,
Reduzindo-lhe a visibilidade.

Dois anos mais tarde,
Uma grave infecção
Afetou-lhe o outro olho
E tirou-lhe o resto da visão.
Agora, totalmente cego,
Louis viveria na escuridão.

Porém sua vivacidade
Ajudou-lhe a desenvolver
Sua natureza investigadora
Que o ajudaria a bem viver
Num mundo cheio de luzes
Que ele jamais poderia rever.

A sua cegueira total
Não o impediu, porém,
De frequentar a escola
Nem de se tornar alguém
Capaz de mudar a visão
Do mundo e a sua também.

Aos dez anos de idade,
Por ser um aluno brilhante,
Ganhou uma bolsa de estudos
Que o levaria adiante
Na caminhada da vida,
Da qual inda era infante.

Conheceu o método de Barbier
Ainda na pré-adolescência,
Um método que o ajudaria,
Se usado com inteligência,
Nas dificuldades encontradas
No decorrer da sua vivência.

No entanto, suas limitações
Obrigaram-no a pesquisar
O método de Barbier
Com o intuito de encontrar
Uma saída para os problemas
Que o impediam de estudar.

Depois de alguns estudos,
No auge dos quinze anos,
Louis criou seu método:
O Braille, que mudaria os planos
De vida dos não videntes
Isolados dos outros humanos.

Aos dezessete anos,
Na função de professor,
Louis ensinava aos cegos,
Com dedicação e amor,
Usando o método Braille,
Do qual foi criador.

Alguns anos mais tarde,
Seu sistema genial
Também foi usado
Na notação musical
E na tradução de textos
Para o deficiente visual.

Aos vinte e seis anos,
Com a saúde já deficiente,
Contraiu uma tuberculose,
Mas teve vida suficiente
Para ver seu método Braille
Reconhecido publicamente.

Demitiu-se do magistério
Em mil oitocentos e cinquenta
Em virtude da saúde frágil
E da vida turbulenta,
Dedicando-se somente ao piano,
Quando já passava dos quarenta.

Em mil oitocentos e cinquenta e dois,
O menino que perdera a visão
Na oficina do próprio pai
Sentiu parar seu coração,
Mas faleceu com a certeza
De que sua luta não foi em vão.

*Texto vencedor do Concurso Literário 200 anos de Louis Braille, realizado pela Sociedade Bíblica do Brasil, em São Paulo.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


A CIGANINHA
(Miguel de Cervantes)

Quando Preciosa a pandeireta toca,
e fere o doce som os ares vãos,
pérolas são que espalha com suas mãos,
flores são que arremessa de sua boca.

A alma fica suspensa, a mente louca
aos atos sobre-humanos sem ação,
que por limpos, honestos e por sãos
sua fama lá no céu mais alto toca.

Pendentes do menor de seus cabelos
mil almas leva, e ajoelhado tem
Amor, que uma e outra flecha aos pés lhe deita:

cega e ilumina com seus raios belos,
seu trono Amor por eles se mantém,
e mais grandezas de seu ser suspeita.


A UM POETA
(Olavo Bilac)

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
CRÔNICA DA SEMANA

NEM TUDO SÃO FLORES
(Tais Luso de Carvalho)

Quando levo meu cachorro pra passear, meus olhos vão descobrindo alguns terraços cheios de flores, janelas com cortinas de crochê e bebedouros para os bem-te-vis. Um encanto! E cada dia que faço este passeio parece que esses terraços são mais e mais festivos, e que existem pessoas muito felizes naqueles lares. O sol, as flores, os bem-te-vis... Quando volto pra casa penso em transbordar minha sacada de flores, deixá-la como se fosse um jardim...
O que estarão fazendo os habitantes daquelas casas e apartamentos? É difícil imaginar que por detrás daqueles jardins encantados possa existir alguém triste, solitário e com uma montanha de problemas.
Mas são momentos de ilusão, uma vez que me afasta da violência da cidade e me permite pensar que a vida se apresenta sempre maravilhosa; deve ser o poder das flores...
Percebo que só tive esta ilusão porque supervalorizei o que estava longe, o desconhecido: as casas dos vizinhos da minha rua.
Mas aquela imagem me levou a pensar em outra coisa: será que as pessoas não se tornam ídolos porque estão longe e inacessíveis? Fico curiosa com a biografia de grandes nomes e tenho interesse pelos aspectos ocultos de grandes homens, de cientistas e pensadores que fizeram a história da humanidade. Os ídolos nunca são nossos iguais: precisam ficar no patamar da nossa imaginação, protegidos da curiosidade humana, envoltos num mistério que fascina.
Por isso, quero conservar os terraços de meus vizinhos à distância: poderei olhar as flores, os bem-te-vis e pensar, por momentos, que a vida será sempre maravilhosa. Depois volto à realidade, sem problemas. Afinal, nem tudo são flores!...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

UM DEDO DE PROSA


RIO 2016: O QUE NOS AGUARDA?

Poucos dias após a confirmação do nome do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, o mundo fica estarrecido com imagens típicas de “filmes de guerra”: um helicóptero da Polícia Militar é abatido em pleno voo por traficantes. Segundo os noticiários, tudo começou quando um grupo de traficantes resolveu invadir o Morro dos Macacos, na Zona Norte do Rio, a fim de tomar os pontos de venda de drogas. Daí deu-se início a mais uma “guerra do tráfico”, cujo saldo negativo foi de 17 mortos, dentre os quais 02 PMs (tripulantes do helicóptero) e 03 jovens trabalhadores que voltavam de uma festa e foram abordados pelos bandidos.
Será esse o cenário encontrado pelos turistas que aqui chegarem em 2016 para assistirem às Olimpíadas? Serão essas as nossas boas-vindas às delegações estrangeiras?
Desde o início fui contra a candidatura do Brasil às Olimpíadas, pois acredito que se não temos condições de oferecer segurança a nós mesmos, mais difícil ainda será garantir a integridade física dos que aqui chegarem para competirem ou para assistirem às competições. Espero que não seja necessário um “acordo de trégua” com os traficantes durante as competições, o que seria vergonhoso para nós!...
Muito dinheiro será investido em obras superfaturadas (e muito mais será desviado, pois, infelizmente, essa prática já se tornou “cultura” em nosso país) até as Olimpíadas de 2016, cujas instalações devem ser suntuosas, pois “não devemos dar margem” às críticas dos gringos. Em consequência disso, o país voltará a ficar nas mãos do FMI.
Acredito que “fazer das tripas coração” para sediar um evento tão caro e tão aquém das nossas condições financeiras e sociais seria dar um passo atrás no que diz respeito à nossa qualidade de vida. Se toda essa verba, que será destinada às obras pró-olimpíadas, fosse aplicada em melhorias na saúde, na educação e na segurança dos brasileiros, teríamos melhores condições de lançar ao mundo atletas e, principalmente, cidadãos capazes de conquistas gloriosas que vão muito mais além do esporte olímpico.
Oxalá eu esteja enganado!...
MEUS VERSOS LÍRICOS


CASUALMENTE
(Joésio Menezes)

Só mais um decote teria sido
Não fosse a pessoa que o vestia...
Meu olhar não o teria percebido
A olhos nus, em plena luz do dia,

Não fosse o jeito descontraído
Da bela moça que o exibia
Sem saber que ali um enxerido
Aprendiz de poeta entraria.

E ao adentrar-me, que coisa bela!
À mostra estavam os seios dela.
Parte deles - que se diga a verdade! -,

Mas o bastante para instigar
O fogo ardente a me queimar
O corpo inteiro, sem piedade...


ÚLTIMOS VERSOS
(Joésio Menezes)

Serão estes os últimos versos meus
Oferecidos aos lindos olhos teus?
Não sei!... Isso não posso afirmar,
Pois toda vez que os fito, me encanto
E quando encantado fico, me espanto
Com o doce feitiço do teu olhar.

E toda vez que penso em me dizer
Que não mais sinto vontade de escrever
Versos quaisquer aos olhos teus,
Uma força estranha se apossa de mim
E me diz que não posso pensar assim,
Pois são os teus olhos obras de Deus.

Mas posso afirmar, com certeza,
Que o doce feitiço e a beleza
Que têm esses lindos olhos teus
Muito me ajudaram a perceber
Que antes dos que ainda irei fazer,
Serão estes os últimos versos meus.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


PRIMAVERA
(Graciela da Cunha)

Olhos ávidos de setembro.
Surge a primavera, estação
das cores e sabores,
dos pássaros a cantarem,
das borboletas a voarem,
dos beija-flores a beijarem,
flores a desabrocharem.

Ela (primavera) chega
espalhando magia no ar,
deixando mais belo os jardins.
Viva a primavera! Minha alma sorri!
As esperanças renasceram tingindo o caminho.

As rosas trazem delicado perfume:
amarelas chega com a esperança,
vermelhas da cor da paixão,
brancas mostrando a pureza
que cantam e bailam no vento.

Na primavera as flores florescem,
sorriem e cativam o amor,
brota mais uma poesia
que baila e canta ao vento.


INSENSATO AMOR
(Aila Sampaio)

Insensato amor
que não escuta o barulho dos ventos
nem se rende às tempestades
dos silêncios da madrugada.
É de sonho seu tropel,
a contar estrelas
para matar o tempo e seguir estrada;
são de ternura os remos de sua ilusão
a deter a correnteza do rio que o arrasta.
Maltratado amor, posto à deriva
sob os serenos e as quedas d´água
não lê os avisos de perigo
nem se furta aos despenhadeiros;
lança-se aos abismos, desce cascatas,
mas não se deixa vencer
nem mesmo pelas noitadas
quando quer voltar,
mas lembra que não tem casa.
Insensato amor que navega
sozinho sem remos
e voa sem ter asas...
CRÔNICA DA SEMANA


DESPERTEI COM SEDE DE VIVER!
(Djanira Luz)

Dormir com sede dá nisso. Estava tão frio que não quis levantar da cama para beber água. Sonhei que estava numa ilha desértica. Não uma ilha qualquer, era diferente. À minha frente aquelas imagens magníficas e esdrúxulas, surrealistas a “la Salvador Dali”.
Acordei com a boca mais seca ainda, e para meu espanto, me vi na paisagem do meu sonho. Sentada. Sozinha. Uma mesa, quatro cadeiras e um vazio em mim que preenchia a ilha de interrogações. Vivo ou sonho tudo isso? O deserto diante dos olhos será a ausência de criatividade, de esperanças, de opções... O que me falta? Um medo nunca experimentado tomou conta do corpo, da mente e, mesmo sob o Sol, me arrepiei toda. Sentia medo e tive dúvidas diante daquela imagem que visualizava.
O medo fez descer dos olhos uma lágrima que me salgou os lábios. Então, senti que onde mais importava não havia se feito deserto: o meu coração! E, olhei novamente a paisagem com outro olhar e pude ver mais do que as areias que tentavam cobrir meus pensamentos bonitos e coloridos. Enxerguei aquela linda árvore imponente, soberba, sobrevivente a toda seca. Avistei ainda o mar que me dizia sem falar... “Se há amor, por mais caminhos áridos que se depare, haverá sempre de avistar uma vereda”.
Para todos meus receios obtive respostas. Só uma não ousei descobrir: se sonhei ou vivo tudo isso. Não importa! Não desejo saber. De posse das demais explicações já não interessa conhecer.
Certifiquei-me naquele instante de que sonhar, dormindo ou acordada, me ajuda a viver...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

UM DEDO DE PROSA


INOCÊNCIA DE CRIANÇA

Às vésperas do DIA DAS CRIANÇAS, muitas delas perderam suas casas por causa de um incêndio numa favela, em São Paulo. Mas mesmo assim, lá estavam elas sorridentes e saltitantes durante as comemorações do seu dia.
Certas estão elas em esquecerem as desgraças por que passam dia-a-dia. Errados somos nós, os adultos, que nos deixamos abater pelos obstáculos do destino e pelas intempéries da vida; nos entregamos aos percalços provocados pela mesmice do nosso cotidiano; nos irritamos com a alta dos preços e dos impostos, com a falta de escrúpulos dos nossos políticos e com o descaso das autoridades acerca da saúde, segurança e educação do nosso país; nos incomodamos com a falta de higiene dos nossos circundantes; nos estressamos com o caos do trânsito...
É por causa, principalmente, desses fatores que as crianças chegam à idade adulta com mais qualidade de vida que nós, que dificilmente chegaremos à velhice se assim continuarmos “levando a vida”.
Ah!... como seria bom se pudéssemos ignorar todas as mazelas da humanidade e encarar nossos problemas com menos seriedade, com menos estresse, com mais humor, com a inocência das crianças, porém com sabedoria.
MEUS VERSOS LÍRICOS



A FLOR E A BORBOLETA AZUL
(Joésio Menezes)


Era verão quando a flor nasceu.
Em fevereiro, para ser exato...
Os anos passaram, a flor cresceu
E hoje nos encanta com seu recato.


Um presente do bondoso Deus
Aos simples mortais, isso é fato,
E principalmente aos olhos meus,
Que o eternizaram como num retrato...

E se não bastasse tanta beleza,
A arte imitou nossa Mãe Natureza
E enfeitou inda mais a linda flor:

Em sua espádua, uma delicada
Borboleta azul fora tatuada,
Causando ciúmes ao beija-flor.


MEU SONETO DE FIDELIDADE
(Joésio Menezes)

Aos meus versos serei mais atento
Antes que deles eu perca o encanto
E sobre essa perda verter meu pranto
De tristeza e descontentamento.

“Quero vivê-los em cada momento”
De inspiração que me chega, e enquanto
Eu estiver entoando meu canto,
Que eles não suplantem meu sofrimento.

Mas se assim eu for recompensado
Por tudo que a eles eu tenho dado,
Certamente me sentirei no céu,

Pois se desejo a felicidade,
Não posso exigir fidelidade
A quem jamais pude ser fiel.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA


O MEU SOL
(Vivaldo Bernardes)

O meu Sol se apagou e nada mais eu tenho
senão a escuridão e as desilusões
que infestam o meu viver de modo tão ferrenho,
matando o que restou das minhas pretensões..

Chorei a tua falta até secarem os olhos;
cantei tua partida em tristes versos meus.
Mas tu não escutaste os lamentos e entolhos
e não te importam meus gestos de adeus.

Agora que partiste e tudo já passou,
meu drama continua, pois não se acabou
a dor que ainda choro inconsolavelmente.

Tu eras o meu Sol e eu me aquecia em ti.
São tempos já passados e eu nunca esqueci
os beijos que me davas, enlouquecidamente.


SENTIMENTOS D'ANTES GENUÍNOS
(Taciana Valença)

Suscitou sob obscura forma
um ímpeto de atroz insanidade
tornando tormento
delicada afetividade

que por mais que pura
vascila, oscila e sucumbe
ao precipício da frivolidade
fazendo vencer o falso
sobre o genuíno
restando o descaso
no abandono do ninho

Ah!
Quão raros são os escrúpulos!
Vivendo em nimbos
onde a leviandade os desbancam

Fechando os olhos
aos seus apelos
rindo-se pois
por tantos zelos!
CRÔNICA DA SEMANA


SOU APENAS UMA CRIANÇA
(Marcial Salaverry)

Não quero ser apenas uma projeção para o futuro. Quero que me consideres um presente para o presente de tua vida. Preciso de teu amparo, de tua mão forte. Preciso que mantenhas a luz acesa, para que eu possa enxergar meu caminho. Peço que não me desampares, que não deixes que eu enverede por caminhos errados. Não tenho experiência de vida, portanto preciso de uma orientação segura, para caminhar no rumo certo.
Para que eu possa ajudar o mundo a viver em Paz, preciso saber o que é Paz. Como achá-la e mantê-la. Não me ensine o caminho da guerra. Não me ensine a lutar, a guerrear. Não me presenteies com armas. Ensine-me a brincar, e não a guerrear, a lutar. Ensina-me a ser cordial. Ensina-me a generosidade, a ser sincero, a ser correto em minhas atitudes.
Principalmente, ensina-me a praticar o bem. Peço-te não me ensinar a fazer conchavos e mutretas, mas apenas a ser correto. Ensina-me a ser uma criatura do bem. Não quero ser corrupto, nem desonesto. Estou iniciando minha vida, e preciso de bons exemplos.
Não espero que me dês somente o alimento, ou bens materiais. Espero que me dês luz e entendimento, que me ensines como é a vida.
Não quero que apenas me cubra de carinhos. Peço que me eduques com amor, e com castigos, se os merecer. Não quero ser apenas uma criança mimada, quero ser uma criança educada, e que saiba respeitar meus semelhantes.
Além de brinquedos, peço que me mostres com bons exemplos como praticar o bem, como ajudar a outrem. Peço que converses comigo, que me fales de seus problemas, que me expliques tudo o que preciso saber. A vida não é apenas brincadeiras e festas. Tem seu lado prático, tem seu lado difícil, que preciso conhecer também.
Espero que não me consideres apenas com um objeto para ser tratado com cuidado e desvelo, pois sou uma pessoa que está chegando para viver a vida. Esta mesma vida que vivestes.
Espero merecer teu carinho e não apenas recebê-lo sem merecimento ou devotamento. Espero que me estendas a mão com amizade e amor, e não apenas por obrigação de pai.
Espero que me ensines a ser bom e justo, a perdoar e ser perdoado. Estou chegando agora, e nada sei da vida. Dependo de ti para bem vivê-la. Para marcar meu caminho com boas atitudes. Portanto, peço que corrija minhas falhas, enquanto ainda posso aprender. Não espere que o pior aconteça para depois tentar consertar.
Ensina-me os piores vícios, para que eu saiba evitá-los. Se não souber de seus malefícios, se não souber como e o que são, não estarei preparado para resistir às tentações.
Ensina-me a arte do bem viver agora, para que eu não chore amanhã, e nem te faça chorar, depois que coisas irremediáveis acontecerem.
Não espere que eu fique para sempre junto de ti. Sou a flecha que atirastes para o mundo. Se me colocares no rumo certo, atingirei um bom alvo.
Enfim, estou aqui, e tudo espero de ti. E que me ajudes a fazer deste dia UM LINDO DIA.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

UM DEDO DE PROSA


ABDUÇÃO PASSIONAL

Hoje, logo bem cedo, ela me apareceu mais linda que os outros dias. Trajava uma blusa vermelha combinando com seus “apetitosos” lábios carmins e uma calça preta colada ao seu belo corpo, cujo Artista-Maior não economizou esmero ao esculpi-lo. No rosto, um semblante angélico-libidinoso acompanhado de um belíssimo sorriso, daqueles de tirar o juízo de qualquer mortal. Parecia, inclusive, que essa era a sua intenção para comigo, pois, ao desejar-me bom-dia, seus trejeitos feminis e o seu penetrante olhar despertaram-me a libido e aguçaram-me ainda mais a vontade de viver intensamente cada momento à sua frente e o desejo de que aquele instante se torne eterno nas minhas lembranças, nos meus pensamentos...
Tão logo despediu-se, senti um vazio invadir meu peito e uma sensação de perda apossar-se de mim. E durante todo o dia, fiquei apaixonadamente sonhando acordado com aquele momento de júbilo espiritual em que minh’alma abduzia-se para outro plano e o meu coração fartava-se de contentamento enquanto ela, o anjo libidinoso de lábios carmins, permanecia graciosa à minha frente.
Um misto de tristeza e felicidade incomodava-me: tristeza pelo fato de ela ter ido embora, deixando-me sob os desmandos da saudade; felicidade pela certeza de que amanhã ela, a belíssima e encantadora Flávia Alvarenga, estará de volta (esbanjando toda a beleza e simpatia que Deus lhe deu) à telinha da minha televisão, desejando-me um “bom-dia” melhor que o de hoje no seu quadro do Bom-Dia DF.
MEUS VERSOS LÍRICOS


VERSOS A TI
(Joésio Menezes)

Hoje escrevo meus versos
pensando em teu olhar fogoso
pedindo-me mais um afago;
em teu riso largo
transbordando de desejos,
de prazer,
de felicidade,
de satisfação...

Hoje escrevo meus versos
pensando em teus beijos ardentes,
em teus lábios ensandecidos
à procura dos meus,
em teu hálito refrescante
com cheiro e sabor de hortelã,
em tua voz ofegante
sussurrando palavras excitantes
aos meus ouvidos nada inocentes.

Hoje escrevo meus versos
pensando em teu corpo suado,
sedento de amor,
febril de tesão,
oferecendo-se às carícias,
ebulindo com o orgasmo...
em erupção.

Hoje escrevo meus versos
pensando unicamente em ti,
em mais nada,
em mais ninguém.


COLÍRIOS
(Joésio Menezes)

Lácrima Plus, Maxitrol,
Hipromelose, Tobradex,
Florate, Dexafenicol,
Acular, Cilodex,
Predfort, Atropina...

Camila Pitanga, Valéria Valença,
Thaís Fersoza, Flávia Alvarenga,
Mariana Godoy, Carla Vilhena,
Luciana Ávila, Gisely Lorena...
Scheila Carvalho, Ana Carolina...

Aguenta firme, retina!...
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA E UNIVERSAL


POÉTICA
(Vinícius de Moraes)

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.


INSTANTES
(Jorge Luís Borges)

Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido,
na verdade bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais,
contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais
e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e produtivamente cada minuto da vida,
claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida,
só de momentos, não percas o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas.

Se voltasse a viver,
começaria a andar descalço
no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.

Mas já viram,
tenho oitenta e cinco anos
e sei que estou morrendo.

PALAVRAS AO VENTO
(Pedro Bial)

A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra amor e se acha importantíssima por isso!
Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com A que se faz "abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em príncipe e vice-versa...
Com B se diz "belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.
Com C, "calendário", que é onde moram os dias e o "carnaval", esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data marcada. "Civilizado" é quem já aprendeu a cantar ´parabéns pra você` e sabe o que é "contrato": "você isso, eu aquilo, com assinatura embaixo".
Com D , se chega à "dedução", o caminho entre o "se" e o "então"... Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que falta para se chegar à perfeição e se pede "desculpa", uma palavra que pretende ser beijo.
E tem o E de "efêmero", quando o eterno passa logo; de "escuridão", que é o resto da noite, se alguém recortar as estrelas; e "emoção", um tango que ainda não foi feito. E tem também "eba!", uma forma de agradecimento muito utilizada por quem ganhou um pirulito, por exemplo...
F é para "fantasia", qualquer tipo de "já pensou se fosse assim?"; "fábula", uma história que poderia ter acontecido de verdade, se a verdade fosse um pouco mais maluca; e "fé", que é toda certeza que dispensa provas.
A sétima letra do alfabeto é G, que fica irritadíssima quando a confundem com o J. G, de "grade", que serve para prender todo mundo - uns dentro, outros fora; G de "goleiro", alguém em quem se pode botar a culpa do gol; G de "gente": carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.
Depois vem o H de "história": quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada.
O I de "idade", aquilo que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira.
J de "janela!, por onde entra tudo que é lá fora e de "jasmim", que tem a sorte de ser flor e ainda tem a graça de se chamar assim.
L de "lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só pode ser completamente louco.
M de "madrugada", quando vivem os sonhos...
N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho por dentro.
O de "óbvio", não precisa explicar...
P de "pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou.
Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê.
E R, de "rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.
S é de "sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de "segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo": quando o beijo é maior que a boca.
T é de "talvez", resposta pior que ´não`, uma vez que ainda deixa, meio bamba, uma esperança... de "tanto", um muito que até ficou tonto... de "testemunha": quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar.
U de "ui", um ài" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia o começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade de virar nenhum, pede cuidado.
Vem o V, de "vazio", um termo injusto com a palavra nada; de "volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que querem que ela queira.
E chegamos ao X, uma incógnita... X de "xingamento", que é uma palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém; e de "xô", única palavra do dicionário das aves traduzida para o português.
Z é a última letra do alfabeto, que alcançou a glória quando foi usada pelo Zorro... Z de "zaga", algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado; de "zebra", quando você esperava liso e veio listrado; e de "zíper", fecho que precisa de um bom motivo pra ser aberto; e de "zureta", que é como fica a cabeça da gente ao final de um dicionário inteiro.