quarta-feira, 30 de junho de 2010

UM DEDO DE PROSA

EDUCAÇÃO: UM DIREITO DE TODOS, MAS SÓ NO PAPEL

Acompanho de perto os problemas por que passa a Educação no Brasil, problemas estes que poderiam ser resolvidos se houvesse interesse dos governantes e um pouco mais de colaboração dos pais, dos professores e dos próprios alunos.
A verba que seria destinada à Educação, os que estão à frente do governo desviam para outros setores e, principalmente, para as suas contas; os pais não mais querem ter o trabalho de educar seus filhos, jogando toda essa responsabilidade nas costas dos professores, que por sua vez pouco compromisso têm com a educação (não querendo generalizar, mas já fazendo), pois a maioria está usando-a como trampolim para conseguirem outro emprego (aproveitam-se dos horários em que estão fora da sala para dedicarem-se a concursos públicos cujos salários pomposos são os maiores atrativos); os alunos pouco interessem têm, pois não são acompanhados de perto pelos pais tampouco as escolas lhes oferecem condições e/ou atrativos para se interessarem pelos estudos. Daí o motivo de uma Educação cada vez mais precária cujo “efeito dominó” proporciona a formação de profissionais sem nenhuma qualificação e, consequentemente, de um povo cada vez mais ignorante no que diz respeito à instrução.
Parece-me que a Educação brasileira está seguindo por um caminho sem volta, mas nutro a esperança de que um dia surgirão pessoas que a recoloquem nos trilhos certos.
MEUS VERSOS LÍRICOS

MEUS OLHOS
(Joésio Menezes)

Meus olhos, secos como deserto,
Lágrimas não produzem mais
Nem choram dores irreais,
Assim, do lamento me liberto.

Eles mantêm-se abertos
Às maravilhas universais,
Mas às questões emocionais
Seu pranto é quase incerto.

Não mais choram por coisas quaisquer,
Nem mesmo pelo desprezo da mulher
Que insiste em não falar comigo...

Meus olhos choram somente
Pelo que o meu coração sente:
A falta daquele ombro amigo.


O TEMPO E A SAUDADE
(Joésio Menezes)

Eita tempo que não passa!
Ah, saudade que no peito me dói!
Saudade que me deixa sem graça,
Tempo que minha paciência destrói...

Ó, Tempo!... deixa de pirraça
E sê para sempre o meu herói!
Ó, Saudade!... não sejas a desgraça
Que o meu coração corrói!

Sede meus companheiros, apenas,
E não me façais viver a duras penas
A falta que sinto da minha amada!

Acelera, ó tempo amigo,
E faz com que ela esteja comigo!...
Afasta de mim essa dor malvada!
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

RETALHOS DA ALMA
(Efigênia Coutinho)

Acaricia-me um olhar efêmero
agarrando à rima com esmero.
Vem da alma a estrofe iluminada
ao final resplandece alucinada!...

Ó Alma, quem há de dizer, contudo,
tuas infinitas angústias ao mundo?
Se sangras no teu sonhar mudo
a sufocar o teu grito em tudo?...

Este sonho se vai Alma rara!
Morrendo aos céus brandido.
No tempo, as confissões calara
emudecendo um Amor bandido!

Morres Alma, em sono profundo,
mas deixas os retalhos em tudo
para saberem que em teu amor mudo,
neste mundo, fostes um Mundo!...


EU NÃO SINTO A SOLIDÃO
(Gabriela Mistral)

É a noite desamparo
das montanhas ao oceano.
Porém eu, a que te ama,
eu não sinto a solidão.
É todo o céu desamparo,
mergulha a lua nas ondas.
Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão.
É o mundo desamparo,
triste a carne em abandono
Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão.
CRÔNICA DA SEMANA

TERRA MOLHADA
(J. Carino)

Incomparável. Nada existe como o cheiro da terra molhada pelos pingos da chuva num dia de verão. Nesses momentos, o sentido olfativo é uma bênção. Animais humanos, somos nesses instantes absolutamente telúricos, gostosamente imersos no cheiro que nos penetra.
Se andando na chuva, é possível sentir o toque sutil das pérolas cristalinas que tocam nosso corpo; se abrigados, sobrevém uma vontade irresistível de ver a chuva, que nos chama tamborilando na vidraça.
É gostoso contemplar a terra cálida, ainda nostálgica do sol, receber em seu seio, e absorver, as gotas frias de água que tombam do céu - canteiro molhado por um deus-jardineiro caprichoso.
Olhando com atenção a terra, é possível ver que, no contato com o solo, o líquido, sofrendo milagrosa metamorfose, transforma-se em nuvenzinhas brancas muito sutis, que escapam em direção ao céu, no eterno círculo onde nada se perde.
O ar, saturado do perfume inconfundível surgido da fusão de água e terra, fica gostoso de sorver. E parece que tudo esperava esse presente líquido-terroso: a superfície rugosa da madeira; as dobras elegantes dos tecidos; o pêlo sedoso dos animais; a superfície negra do asfalto aquecido; a rigidez do concreto; o cabelo brilhante das mulheres; a maciez do capim...
Há um limite para esse momento de pura magia. A chuva deve ser rápida, quase tanto quanto um beijo roubado. Durando demais, encharca tudo, entranha-se na terra, alaga, afoga - subjuga coisas e gente na umidade, parecendo tudo liquefazer: do barro antes orgulhoso de sua dureza à própria alma dos seres humanos, que parece mergulhar em tristeza ao mesmo tempo em que sente um mundo mergulhado em chuva.
Cessado o bombardeio dos cristais translúcidos - as gotas de chuva -, permanece, por um tempo nas narinas e mais tempo na memória, esse cheiro de terra molhada, esse odor inconfundível, essa fragrância única - perfume singular, aroma inigualável que parece, a cada vez, acumular-se em diminuta quantidade no frasco de nossa alma.
Passado o momento mágico, tudo em volta se modifica: o ar fica mais límpido; a nitidez com que podemos ver o mundo se acentua; as cores tornam-se vívidas, aguçando os contrastes entre tons antes apenas sutilmente divisados.
Pobres espectadores diante do milagre que se repete, nada há que fazer. Resta-nos apenas viver, e sair talvez assoviando uma canção...

Fonte: www.almacarioca.com.br

quinta-feira, 24 de junho de 2010

UM DEDO DE PROSA

À ESPERA DE DIAS MELHORES

E o inverno chegou. Não trazendo frio ou geada, mas sim muita água. Prova disso é a situação de calamidade por que passam os estados de Alagoas e Pernambuco, vítimas das enchentes provocadas pelas recentes chuvas naquela região. Já foram computados, nos dois estados, mais de 40 mortes e milhares de desabrigados.
Comovidos, brasileiros de outros estados (e até mesmo dos atingidos pelas águas) tentam ajudar como podem, porém a revolta toma-lhes conta, pois sabem que parte desses problemas que atingem alguns estados do Brasil tem outros culpados além da revolta da natureza: os homens e, principalmente, o governo. Os primeiros por passarem parte da sua vida agredindo a natureza com poluições e devastações; o segundo por não tomarem as medidas preventivas necessárias para se evitar tamanha calamidade. Não estou querendo dizer com isso que o governo poderia evitar as chuvas, mas que alguma coisa poderia ter sido feita a respeito do escoamento das águas, que é um problema nacional.
O mais triste de tudo isso é o fato de alguns políticos estarem se aproveitando da situação para fazerem campanha política uma vez que as eleições estão bem próximas: como se fossem bons samaritanos, eles apresentam-se cheios de “boas intenções” e colocam-se à disposição dos flagelados, que não têm como nem porque recusarem a “caridosa” ajuda. Mas como “de políticos bem intencionados o inferno está cheio”, ficamos sempre “com a pulga atrás da orelha”.
MEUS VERSOS LÍRICOS

A PELEJA DO DIABO COM OS DONOS DO PODER
(Joésio Menezes)

Satanás em Brasília chegou
E o Senado logo quis conhecer,
E lá chegando ele reparou
Que nada mais poderia fazer,
Pois ali, as nobres “Excelências”
Fundaram o “Antro das Indecências”
E nele criaram a sede do Poder.

Ao criarem a sede do Poder,
Sabiam que estavam criando
Algo que lhes pudesse conceder
Autonomia para os seus desmandos.
E o Satanás, pobre coitado,
Viu que ali, em pleno Senado,
Chance não teria contra os nefandos.

E sem chance contra os nefandos,
Estaria, então, desmoralizado
Pois ele não teria nenhum comando,
Podendo, inclusive, ser rebaixado
A, simplesmente, um subalterno
Do guardião das portas do inferno
E o seu tridente lhe seria tomado.

E temendo que lhe fosse tomado
O seu tridente pelos astuciosos
Cães e demônios lá do Senado,
Satã foi atrás dos menos perigosos.
Buscou, então, outra clientela,
Porém não esqueceu a cautela
Usada contra os seres ardilosos.

Tentando fugir dos seres ardilosos,
Satã foi à Câmara dos Deputados...
Lá, ele encontrou gananciosos
Políticos que se dizem rogados
Pelo povo que os elegeu
E que também lhes concedeu
Poderes diversos e ilimitados.

E com esses poderes ilimitados,
Nossos ilustres representantes
Lá da Câmara dos Deputados
Poderiam, inclusive, ser mandantes
De roubos, homicídios, peculato,
Corrupção e muitos outros atos
Desonestos jamais vistos antes.

Desonestos jamais vistos antes
Em nenhum lugar pelo “Pai do Mal”
Fizeram dele um mero figurante
Nas profundezas do fogo infernal
Que incinera os de índole cruel,
De virtudes renegadas pelo Céu
E de banditismo sem outro igual.

O banditismo sem outro igual
Dos políticos visitados por Satã
Fê-lo pensar na possibilidade real
De ingressar numa Casa Cristã...
Mas ele se deu outra oportunidade
De mostrar quem era de verdade:
O anticristo de alma pagã.

O anticristo de alma pagã
Para a Câmara Legislativa fugiu,
Porém foi uma fuga vã,
Pois lá ele também sentiu
O cheiro de enxofre que, somente,
É queimado num fogo ardente
Que fora do inferno jamais se viu.

Fora do inferno jamais se viu,
Também, tanta gente assim
Aglomerada num só covil,
Atolada numa corrupção sem fim.
E novamente Satã, pobre coitado,
Sentiu-se mal, se viu acuado
Por tanta gente de coração ruim.

E essa gente de coração ruim,
Eleita pelo seu povo gentil,
Não tem escrúpulos, mas sim
Ganância de poder e falta de brio.
Satanás, então, sentiu-se derrotado
E percebeu que tudo dera errado
Desde que do inferno saiu

Desde que do inferno saiu
Parece que Satã perdeu o juízo
E, acometido de remorsos mil,
Ficou totalmente indeciso...
Diante de tudo que aqui presenciou,
Imediatamente, ele solicitou
A Deus sua volta ao Paraíso.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

A SERENATA
(Adélia Prado)

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobo
o que não for natal,
como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier,
porque é certo que vem,
de que modo vou chegar
ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela,
se não for doída?
Como a fecharei, se não for santa?


AO AMOR ANTIGO
(Carlos Drummond de Andrade)

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
CRÔNICA DA SEMANA

140 TOQUES
(Dad Squarisi, Correio Braziliense)

Twitter gerou filhote. É tuitar. Ele dá nome à ação de 7 milhões de pessoas mundão afora. Cadastradas, elas entram no microblog mais popular do planeta e dão o recado. Falam de si, fazem perguntas, bisbilhotam, respondem a questões, comentam atos praticados por políticos, celebridades, anônimos ou eles próprios.
O espaço da internet é pra lá de democrático. Acolhe qualquer um — eu, você, ele. Entre os membros ilustres, estão Barack Obama e Oprah Winfrey, a apresentadora de talk show mais poderosa dos Estados Unidos. Ao se inscrever, o novo blogueiro manifesta o desejo de seguir esta ou aquela pessoa. Passa, então, a ser avisado todas as vezes que a criatura postar algo.
Estrela ou gente comum, todos se submetem a um critério — o tamanho limite do texto. A mensagem deve caber em 140 toques. O que é isso? É isto:
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
Convenhamos. É um desafio. Os esbanjadores verbais têm de conjugar o verbo poupar. No caso, menos é mais. Menos palavras e menos letras são sinônimo de mais informação. Vocábulos curtos expulsam os longos. Entre só e somente, por exemplo, não há dúvida. Dá-se a vez ao só. As abreviaturas entram em cartaz. Não só as tradicionalmente conhecidas, aceitas e estudadas na escola. Mas também as abominadas pelos críticos das salas de bate-papo. Ali, que vira q; não, ñ; porque, pq; beijo, bj; você, vc; também, tb. E por aí vai. A criatividade e a compreensão funcionam como baliza. Nada mais.
Muitos abominam o modismo. É direito legítimo. Ao exercê-lo, porém, excluem-se. Caem fora não só do Twitter. O microblog se inspirou no SMS — mensagens de texto dos celulares. Para mandar recado por via tão simples, ninguém dispõe de mais de 140 toques. Entrar na onda, pois, não significa abandonar a norma culta. Significa ampliar as próprias possibilidades. Poliglotas na nossa língua, somamos mais uma às tantas que falamos ou escrevemos.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

UM DEDO DE PROSA


THE DAY AFTER

Assistindo à euforia do povo brasileiro com a seleção nacional de futebol durante a Copa do Mundo na África do Sul, percebo o quanto nossa gente é carente de algo que lhe dê alegria, que lhe faça esquecer os obstáculos e as mazelas que a vida nos impõe. Em contrapartida, é perceptível, também, o quão grande é a sua ingenuidade acerca dos seus governantes que, aproveitando-se da ocasião, continuam desviando alguns míseros milhões de reais do montante destinado à saúde, à segurança e à educação.
Esse é o momento em que as “aves de rapina” do Congresso Nacional melhor se aproveitam do descuido das suas presas para alimentarem-se, para encherem as burras de dinheiro sem que ninguém perceba, sem que seus nomes e rostos apareçam na mídia, pois estão todos com a atenção voltada para os jogos da Copa.
Passada a euforia da Copa, junto à decepção de mais uma frustrada participação da seleção brasileira vêm as contas que os nossos parlamentares nos deixam de herança e a obrigatoriedade de neles ter que votar, mesmo sabendo que os rostos e os nomes dessas rapinas não nos são desconhecidos.
A arapuca política há tempos já está sendo armada. Os caçadores de votos já estão apostos. A caça está vulnerável ás garras dos rapinas que, sedentos de mais alguns cifrões, afiam as garras para mais um golpe de misericórdia na jugular dos desportistas-patrióticos chamados de eleitores.
MEUS VERSOS LÍRICOS


MINHA DEUSA
(Joésio Menezes)


Minha amada Benedita,
Inda que nos chegue a morte,
Nossa paixão bendita
Há de se tornar infinita,
Assim como é minha sorte.

Desde aquele primeiro dia
Em que tua boca eu beijei,
Um misto de prazer e heresia
Soma-se à minha fantasia:
Amar-te como nunca te amei.


KARINA
(Joésio Menezes)

Ela traz no olhar ainda pueril
A esperança de um novo mundo:
Mais promissor e bastante fecundo,
Mais igual, mais justo, bem mais gentil...

Traz estampados no seu rosto juvenil
A vontade e o sentimento profundo
De mudar o pensamento infecundo
Dos que não crêem nos jovens do Brasil.

E ao surgir de cada nova alvorada,
A esperança é facilmente notada
Nos seus olhos reluzentes de menina.

Justiça, igualdade, confiança,
Amor, paz, esperança...
Tudo isto vejo nos olhos de Karina.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

LÁGRIMA
(Amália Rodrigues)

Cheia de penas me deito
E com mais penas me levanto;
Já me ficou no meu peito
O jeito de te querer tanto.
Tenho por meu desespero
Dentro de mim o castigo;
Eu digo que não te quero
E de noite sonho contigo.
Se considero que um dia hei-de morrer
No desespero que tenho de te não ver
Estendo o meu xaile no chão
E deixo-me adormecer
Se eu soubesse que morrendo
Tu me havias de chorar
Por uma lágrima tua
Que alegria me deixaria matar


CANÇÃO
(Cecília Meireles)

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
CRÔNICA DA SEMANA

PERGUNTAS
(Marta Medeiros)

Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume e lembrou de alguém que gosta muito?
Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, e não se imaginou lá com alguém?...
Quantas vezes você estava do lado de alguém, e sua cabeça não estava ali?
Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou dois segundos depois de ter falado?
Você deve ter visto que aquele filme, que vocês dois viram juntos no cinema, vai passar na TV...
E você gelou porque o bom daquele momento já passou...
E aquela música que você não gosta de ouvir porque lembra algo ou alguém que você quer esquecer, mas não consegue?
Não teve aquele dia em que tudo deu errado, mas que no finzinho aconteceu algo maravilhoso?
E aquele dia em que tudo deu certo, exceto pelo final que estragou tudo?
Você já chorou por que lembrou de alguém que amava e não pôde dizer isso para essa pessoa?
Você já reencontrou um grande amor do passado e viu que ele mudou?
Para essas perguntas existem muitas respostas...
Mas o importante sobre elas não é a resposta em si...
Mas sim o sentimento...
Todos nós amamos, erramos ou julgamos mal...
Todos nós já fizemos uma coisa quando o coração mandava fazer outra...
Então, qual a moral disso tudo?
Nem tudo sai como planejamos portanto, uma coisa é certa...
Não continue pensando em suas fraquezas e erros, faça tudo que puder para ser feliz hoje!
Não deite com mágoas no coração.
Não durma sem ao menos fazer uma pessoa feliz!
E comece com você mesmo!!!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

UM DEDO DE PROSA

DE VOLTA À REALIDADE

Anos atrás, a África do Sul somente era lembrada como o berço do Apartheid, regime segundo o qual os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver separados dos brancos, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos. Hoje, o mundo todo está com os olhos voltados para aquele país somente porque no dia 11/06 (sexta-feira) ele dará o pontapé inicial à 19ª Copa do Mundo de Futebol, o segundo maior evento esportivo do planeta.
Por causa desse evento, parece que o planeta se esqueceu dos conflitos étnicos, religiosos, políticos e sociais (além das ameaças nucleares por que passamos) mundo afora.
Passadas a festança e a euforia da Copa, novamente a África do Sul (bem como o continente africano) voltará ao ostracismo e a sua população continuará a sofrer as mazelas deixadas pelo Apartheid. E as “grandes potências” mundiais?... Essas não mais se lembrarão daquela gente, a não ser quando sentirem a necessidade de adquirir, a preço de banana, as riquezas minerais e naturais daquele continente, usando, inclusive, a mão-de-obra barata do seu povo.
E assim caminha a humanidade!...
MEUS VERSOS LÍRICOS

APARTHEID
(Joésio Menezes)

Sou filho do apartheid,
O sofrer é meu irmão...
Soweto, sou gueto, sou preto
Vítima da segregação.
Dizem que sou inferior
E por causa da minha cor
Não me estendem a mão.

Não tenho meus direitos
Políticos ou sociais.
E até a própria liberdade
Eu não a tenho mais,
Pois fora de Soweto
Sou gueto, sou preto
Nas páginas policiais.

A violência do apartheid
Noticiada nos jornais
Mobilizou a humanidade
E por isso não sofro mais,
Mas ainda sou do gueto
E me orgulho de ser preto,
Como os meus ancestrais.

Meus filhos hoje sofrem,
Por serem filhos de um “negão”
E netos do apartheid
Que só lhes trouxe humilhação.
Sou preto... sou do gueto,
Mas a eles eu prometo
O fim da segregação.


PRÍNCIPE DESENCANTADO
(Joésio Menezes)

Sou um príncipe desencantado
E o castelo do meu principado
Fica além de Lugar Nenhum.
Estou à procura de uma rainha
Que à noite seja só minha;
Durante o dia, de qualquer um.

Sou um príncipe sem encanto,
Sem escrúpulo, sem pranto
Para chorar por alguém...
Sou um “nobre” insensível,
Insensato, desprezível,
Respeitado por ninguém...

E essa minha “majestade”
Não merece fidelidade
Tampouco o título de Alteza,
Pois sou um príncipe maculado
Pelo desejo do pecado
E vivo às margens da nobreza.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

TESTAMENTO DO HOMEM SENSATO
(Carlos Pena Filho)


Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: “Ele era assim...”
Mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em voo se arremeda,

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, mais que distante, breve.


AO POETA JOÉSIO MENEZES
(Bey Lopes)

Poeta voador
Que voa Nas Asas da Poesia;
Que brinca de ser poeta
E fala de amor;
Retrata a beleza
Dos Desejos Alucinantes
E da Alma Apaixonada.

Poeta viajante
Que retrata em seu silêncio
Um Poeta Carente!

Jardineiro Sonhador
Que cultiva Rosas de saudade,
Crê no Amor Bandido
Sem temer as Consequências...
Tem Sonhos Libidinosos
E sonha outros sonhos acordado.

Poeta do Êxtase,
Da Solidão...
Que voa com a Sereia
E tem em sua vida
Uma Feiticeira do Amor.

Grande poeta
Que navega na saudade
De um “codinome Beija-Flor”
E deixa que em seu script
Haja a Súplica de um Coração Apaixonado,
E com sua Varinha de Condão
Muda a Pátria Amada
Fazendo uma Revolução
Com sentimento e poesia.
CRÔNICA DA SEMANA

UMA CRÔNICA
(Marina Colasanti)

Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e a dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.
E aceitando as negociações de paz, aceita ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber. Vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

UM DEDO DE PROSA

A UM ANJO

Ontem pela manhã, cá estava eu diante do computador digitando alguns trabalhos que me foram passados quando de repente surgiu diante de mim um anjo imaculado que, acredito eu, foi enviado por Deus para me trazer luz num dia em que tudo conspirava para dar errado. Com um largo sorriso de marfim e um olhar penetrante ele desejou-me um bom-dia (e que “bom dia”!), abraçou-me e foi-se embora.
Coincidência ou não, o restante do expediente não me poderia ter sido melhor. Tudo que fora planejado para aquele dia dera certo. As coisas se faziam acontecer espontaneamente, sem muito esforço, sem a necessidade de se quebrar a cabeça em busca de soluções, sem canseira, sem estresse...
Hoje, esperei a manhã toda pela sua visita. Ele não apareceu, mas nem por isso o dia me foi ruim. Talvez porque a energia positiva que ele me passou ontem tenha sido duradoura e o seu prazo de validade expirará somente no dia em que ele, o anjo, não mais esteja na minha lembrança. E analisando a validade dessa energia por esse ângulo, tenho certeza que ela será eterna, pois é quase impossível aquele anjo sair dos meus pensamentos.
Mas para todos os efeitos, amanhã e depois e todos os dias subsequentes, eu o esperarei adentrar-se em minha sala (e por que não dizer em minha vida?) para desejar-me outro “bom-dia” seguido de um abraço e de um largo sorriso cor de marfim.
MEUS VERSOS LÍRICOS



QUERO
(Joésio Menezes)


Quero viver a paz de estar contigo;
Reviver as emoções de outrora
E registrar essa que vivo agora
Ao descobrir que sou o teu abrigo.

Quero que estejas sempre comigo;
Que sejas minha dona e senhora;
Que da minha vida não vás embora,
Pois viver sem ti eu não mais consigo.

Quero teu corpo a me aquecer;
Seduzir os fulgores do teu ser;
Ver o desejo em nós vicejar...

E quando tu estiveres sozinha,
Lembra-te da tua boca na minha
E sintas meu fogo a te queimar.


SONETO A ARNALDO ANTUNES
(Joésio Menezes)

Meus “poemas” pedem “socorro”
E um “pouco” mais de “atenção”,
Pois “no fundo” sabem que morro
Sem a “alegria” de uma canção.

Eles sabem que, no “juízo final”,
“Quem me olha só” por olhar
Saíra pela “porta principal”
Antes de o “fim do dia” chegar.

Pedem apenas um “grão de amor”
Para existirem e, “seja como for”,
Viverem num “infinito particular”.

E “se assim quiser” o destino,
Este meu “soneto” sem tino
“Nunca mais” irei recitar.
O MELHOR DA POESIA BRASILEIRA

MEIA LUA
(Wanderley Mendes Gomes)

Meia Lua é a fase,
meia noite é a hora,
meio tarde é o momento,
meio triste estou agora.
Meio só, você não veio,
meio morto agora estou,
meio desgosto que me abate,
meia fé...você ligou!!!
Meio crente de sua chegada,
meio lento o tempo a passar,
meio sono estou ficando,
meio olho a te esperar.
Meio Sol já tá surgindo,
meio dia já chegou,
meia vida te esperando,
para declamar-te meu amor.


AMOR E POESIA
(Keidy Lee Jones)

Dedilhando as páginas de meu livro,
Cá estou lendo poesias bonitas.
Nenhuma delas
é mais graciosa que teu sorriso,
Não há uma sequer.
Nenhuma delas me deixa
Tão bem como o teu beijo,
Tão completa como a tua presença,
Tão feliz como o teu cheiro.
Nenhuma delas amo mais que você.
CRÔNICA DA SEMANA
PELADA DE SUBÚRBIO
(Armando Nogueira)

Nova Iguaçu, quatro horas da tarde, sábado de sol. Dois times suam a alma numa pelada barulhenta; o campo em que correm os dois times abre-se como um clarão de barro vermelho cercado por uma ponte velha, um matagal e uma chácara silenciosa, de muros altos.
A bola, das brancas, é nova e rola como um presente a encher o grande vazio de vidas tão humildes que, formalmente divididas, na verdade, juntam-se para conquistar a liberdade na abstração de uma vitória.
Um chute errado manda a bola, pelos ares, lá nos limites da chácara, de onde é devolvida, sem demora, por um arremesso misterioso. Alguns minutos mais tarde, outra vez a bola foi cair nos terrenos da chácara, de onde voltou lançada com as duas mãos por um velhinho com jeito de caseiro.
Na terceira, a bola ficou por lá; ou melhor, veio mas, cinco minutos depois, embaixo do braço de um homem gordo, cabeludo, vestido numa calça de pijama e nu da cintura para cima. Era o dono da chácara.
A rapaziada, meio assustada, ficou na defensiva, olhando: ele entrou, foi andando para o centro do campo, pôs a bola no chão e, quando os dois times ameaçavam agradecer, com palmas e risos, o gesto do vizinho generoso, o homem tirou da cintura um revólver e disparou seis tiros na bola.
No campo, invadido pela sombra da morte, só ficou a bola, murcha.